“Eu esperava, talvez, o estágio em Nova York, não pensei que fosse ganhar a capa. Cheguei à Agencia responsável pela assessoria de imprensa da Johnnie Walker pensando que iriam me convidar para outro projeto. Foi esse briefing por telefone. Mas quando entrei tinha gente gravando e me perguntaram: ‘Você sabe porque esta aqui, né?’. Respondi: ‘Vocês estão mau intencionados, eu nem fiz as unhas’… E todos riram.”
Siss, 40 anos paulistana da Casa Verde, é artista há 16 anos e grafiteira há três. Conta que não foi muito difícil trabalhar na proposta da Madonna, pois não saiu muito do seu trabalho que é pop. Ela gosta de brincar com ícones de gerações diferentes. “Para mim, se não tem alguma coisa escrita, a obra não está acabada. Procuro linkar os ícones, tipo a George Sand, a Clarice Lispector e o Hannibal, com a frase ‘Hello Clarice’, ou o Super Homem sentado em divã de analista tendo que escolher entre Lex Lutor (a realidade) ou o Lexotan; a imagem do Chico Buarque com os dizeres ‘Tô de Chico, me deixa!’ ou ainda a frase T.P.M ‘tô pintando muro’ em cima da Mulher Maravilha com spray nas mãos. Crio o tempo todo. Minha casa em Atibaia é toda grafitada, uma espécie de laboratório de testes para estêncil.”
Siss diz que tinha se inscrito em uma Vivência de Arte Urbana no MIS pra ter contato com artistas de rua de diversos estilos e técnicas. Acreditava que o fruto da vivência seria a capa de um CD, e só pouco antes do início da vivência soube que era para a capa do CD da Madonna, com participação do diretor de arte Giovanni Bianco. “Achei incrível, ela fez parte da minha adolescência!”
Sobre seu trabalho, com tom feminino e crítico, ela afirma que a sua proposta é enaltecer e mostrar a força das mulheres que usam todo seu potencial. “Meu intuito é valorizar as mulheres guerreiras e trabalhadoras, que vão em busca de realizar o que sonham, pra elas o impossível não existe”, finaliza a artista que, além de ilustrar a capa do Single da cantora Madonna realizará um curso de quatro meses em Nova Iorque.
