A Handred lançou em outubro uma coleção inspirada no mobiliário de Sergio Rodrigues. André Namitala, que hoje ocupa a posição de diretor criativo, é um grande admirador do designer brasileiro e encontrou pontos de intersecção entre suas criações e as roupas da marca.
A identidade da Handred é baseada em roupas amplas, confortáveis, para que o corpo possa dançar, respirar e se esparramar. A mesma ideia era aplicada no mobiliário de Sergio Rodrigues, tornando a parceria complementar. Há dois anos, André projeta e executa o transporte de todo o universo criativo de Rodrigues aos seus suportes de ofício – o linho, a seda, a organza e o algodão –, mergulhando em um mar de documentos do Instituto que homenageia o designer.
Ao mirar nos desenhos de arquitetura e de interiores, o estilista transforma as perspectivas de Sergio, encontrando novas linhas e novos pontos de fuga. A partir dos objetos concebidos, a Handred imagina aplicações que recriam padrões estéticos e transformam a utilidade que foi idealizada pelo designer.
“Esse projeto com a Handred foi, desde o início, um desafio inédito. A primeira parceria que fizemos no Instituto Sergio Rodrigues num formato comercial, e a primeira vez que associamos a obra de Sergio ao mundo da moda. O entusiasmo legítimo, a forma séria e criativa como André Namitala conduz seu trabalho, nos deram a confiança para seguirmos em frente”, revela Fernando Mendes, nome chave quando se fala no legado do designer, com quem trabalhou e conviveu por quase trinta anos, sendo sócio proprietário da marca Sergio Rodrigues Atelier.
A coleção é uma das mais robustas da marca, tendo mais de 100 peças limitadas, nos seus característicos materiais como linho, seda, e também no inesperado couro, trabalhado de uma forma bem suave e nada invernal. São destaques os bordados de madeira, fruto da expertise entre os ateliês, além dos que reproduzem objetos e móveis em pequenas escalas 2D. Somados à silhueta livre e despretensiosa das peças, foram agregados novos volumes e proporções, principalmente nas peças que protagonizam o olhar feminino, já que a linha abrange os primeiros vestidos da marca, além das túnicas e chemises.
Na cartela, além dos esperados tons de madeira, há uma combinação bem rodriguiana de vermelho vibrante e pistache (cores preferidas de Sergio). As estampas são divididas em três nomes: Perspectivas, Personagens e Cuiabá. A primeira, como a palavra sugere, traz episódios do cotidiano em versões coloridas com detalhes de aquarela. Em Personagens são evidenciadas referências dos anos 70, em preto e branco, enriquecidas por minuciosas estampas. E Cuiabá celebra uma das linhas mais renomadas de Sergio, sendo menos figurativa e mais gráfica.
Vale o destaque aqui para a camisa com a Poltrona Tonico e a Luminária Sergio Augusto bordadas na parte da frente e a Luminária Xibô na parte de trás da gola.
A linha promete ser utilitária e com olhar modernista. As criações serão desfiladas no SPFW, na próxima edição N56 e, além de apoiar, durante todo um semestre, o núcleo de arquivamento do Instituto Sergio Rodrigues, todas as cinco lojas da Handred serão mobiliadas com peças SR. Parte do resultado das vendas será revertida ao instituto.