Não é novidade que os imóveis pequenos – em média, abaixo de 60 m² – fazem parte do cotidiano da maioria dos brasileiros. Por isso surgem uma infinidade de dicas e soluções para trazer mais conforto e amplitude, mesmo nas plantas com metragens reduzidas. Além da marcenaria, que equaciona um mobiliário bem desenhado e de acordo com as demandas, a iluminação é uma aliada a ser considerada.
Para a arquiteta Erika Mello, do escritório Andrade & Mello Arquitetura, o jogo de luzes do projeto luminotécnico altera a atmosfera de um local. Aplicada com estratégia e moderação, a iluminação bem pensada evoca diferentes cenários e configurações dentro do mesmo espaço, acompanhando a rotina dos moradores.
“A iluminação certa é capaz de proporcionar comodidade e aconchego, além de ampliar as áreas mais enxutas. Mas, para isso é necessário analisar o que será desenvolvido em cada ambiente”, reitera a profissional.
Para auxiliar sobre como direcionar a iluminação para tirar o melhor proveito do décor de aptos pequenos, Erika, ao lado de seu sócio, o também arquiteto Renato Andrade, elencaram cinco passos que seguem em seus projetos. Acompanhe:
Por onde começar?
Escolher a iluminação correta para um ambiente não é uma missão difícil, mas se tratando de espaços pequenos, a escolha acertada faz toda a diferença. De acordo com Renato, consultar um especialista, como um arquiteto ou um designer de interiores, é imprescindível para evitar possíveis erros ou mesmo desperdício de recursos ao comprar uma lâmpada, luminária ou LED que não faça sentido para o ambiente selecionado.
“Indicamos começar com um briefing do espaço, um plano de atividade ou até locação de luminárias para testar. Considerar as sombras e a relação da iluminação com as cores escolhidas para o décor também é essencial para alcançar a amplitude tão sonhada. Desta forma, erros são mitigados”, explica.
Tipos de iluminação
Luzes indiretas são charmosas e propiciam destaque para áreas consideradas importantes para os moradores. Segundo Erika, a iluminação geral não deve ser descartada de um projeto e o recurso indireto pode ser contemplado com uma função complementar.
Esse pensamento faz sentido, uma vez que a luz total, pensada para aclarar um ambiente como um todo, configura-se como a mais funcional, principalmente em momentos de faxina, estudo, trabalho ou nas atividades na cozinha. “Em nossos projetos, trabalhamos a iluminação indireta para realçar objetos específicos, além de criar um clima intimista”, conta.
Com relação à luz quente ou fria, Renato relata que dificilmente opta por versões acima de 4.000K, por conta do desconforto aos olhos e por não julgar interessante para o uso em projetos residenciais. “O emprego da luz fria é muito específico ou para atender um pedido pontual do cliente. Em casas, o caminho é optar por uma lâmpada mais neutra”, complementa.
Além disso, a luz natural deve ser sempre favorecida. A luz do dia provoca um outro clima para o ambiente, promove o bem-estar e, em tempos de tarifas elevadas, auxilia na contenção dos gastos mensais da conta de energia elétrica.
Para não errar
Quando a iluminação de um espaço compacto não está em harmonia com a paleta de cores ou móveis presentes, o resultado é constatado em sensações de desconforto, sufocamento e, em casos mais severos, dores de cabeça. Para evitar que a luz de casa seja uma vilã, luminária e lâmpada precisam de uma avaliação apurada antes de fechar a compra.
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“Um dos deslizes mais comuns é a inserção da luz branca na sala de estar, o branco na iluminação é uma cor fria, não traz conforto, e é desagradável quando o morador passa muitas horas no ambiente”, destaca Erika. Outro equívoco recorrente é a colocação de lustres – geralmente de cristal. “Essas peças ocupam muito espaço e são mais indicadas em cômodos amplos”, complementa.
A iluminação como decoração
Principalmente em apartamentos pequenos, a luminária como um item decorativo deixa o décor ainda mais atrativo e cheio de personalidade, além de evidenciar uma área específica. Um exemplo é a inserção de uma luminária ao lado de uma poltrona, que pode ser direcionada para diferentes usos como o momento da leitura ou enquanto assiste o programa preferido na TV.
“Nestes casos, é bacana analisar os cantinhos disponíveis e trabalhar no equilíbrio para que o imóvel não transmita a percepção de carregado. As peças menores costumam ser as mais adequadas em ambientes compactos”, sugere Renato.
Ambiente por ambiente
Para a dupla do Andrade & Mello Arquitetura, a iluminação ideal se torna ainda mais convidativa e tem o poder de destacar a proposta do décor em um contexto pautado pelo conforto visual. Veja as recomendações:
Cozinha e lavanderia
A luz branca é a ideal para aumentar a luminosidade, já que se trata de ambientes com bastante atividades. Entretanto, em ambientes integrados com outras áreas, como a sala de jantar e estar, o ideal é manter a tonalidade em todos os ambientes, neste caso com o branco morno (3000k);
Sala de estar e jantar
Ao reunir pessoas para refeições, é essencial que a iluminação seja mais intensa, por isso os pendentes são muito bem-vindos sobre a mesa. Entretanto, no estar uma luminária de piso ou posicionada em uma mesa de centro ou lateral se revelam como escolhas agradáveis;
Dormitórios
Em cômodos pequenos, deve-se sempre pensar na iluminação que traga mais comodidade. Portanto, a utilização de trilhos com spots permite-se criar um jogo de luz e sombra que são ideais para relaxar após um dia intenso de trabalho. Além disso, arandelas e pequenos pendentes nas laterais das camas ou na cabeceira, trazem soluções adoráveis para quem busca suavidade;
Banheiro
Trabalhar em uma iluminação embutida difusa, que se camufla com o forro, é o clássico de projetos residenciais de banheiros. Além disso, próximo do espelho, é interessante inserir uma arandela para auxiliar em situações como a maquiagem ou o fazer a barba, se desejado.