Sobrado foi dividido em dois, mas tacos e caixilhos foram preservados
O arquiteto Lucas Buitoni reinventou esta construção, erguida por seu avô em 1950. Hoje, o jovem divide com a família as histórias vividas aqui.
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Mais de 30 anos separam os dias de hoje da época em que Lucas escalava o cajueiro no jardim. “Passei minha infância aqui”, lembra. Quando ganhou da mãe um dos três andares deste sobrado de 213 m2 para morar com a esposa, a educadora ambiental Renata, e o pequeno Pedro, ele sabia da necessidade de modernizá-lo. Numa das laterais, anexou uma estrutura para erguer a cozinha. Nos fundos, retirou um pouco de terra e criou dois banheiros incrustados no barranco. Todas essas intervenções, embora pareçam radicais, carregam a preocupação de Lucas em preservar a memória do lugar. “Continuei usando caixilhos de ferro, em vez de alumínio, e recuperei os tacos de madeira originais”, exemplifca. “Além da realização pessoal de projetar e coordenar a obra, tive o prazer de resgatar a memória do meu avô, o engenheiro Ricardo Schroeder”, completa.
Como o talento do avô inspirou o arquiteto
Na infância, Lucas costumava observar o avô montar protótipos de aviões e barcos em sua ofcina de modelismo. “Engenheiro civil da área de transportes, ele guardava com apreço a maquete do Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, cuja construção ele coordenou”, lembra o neto, herdeiro do talento. “Gosto de especifcar, comprar os materiais e participar da execução da obra”, afrma. “Prefro não inventar muito no projeto, pois você acaba apanhando na hora de colocar as ideias de pé”, completa. Tal lógica norteou a seleção dos materiais simples, a exemplo do granilite, dos ladrilhos hidráulicos e das esquadrias de ferro. Essas escolhas baratearam os custos e permitiram mais investimento na impermeabilização dos banheiros, encostados na terra. “Passei cristalizante nas paredes, usei manta asfáltica e um sistema de dreno com tubulação. Pensei numa casa feita para durar”, fala.
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