Depois de arrematar na planta um apartamento com características especiais – o prédio traz a grife do escritório Triptyque e suas unidades são diferentes umas das outras, inclusive na metragem –, um casal de São Paulo coroou a decisão com a escalação de arquitetas jovens e de pegada contemporânea para definir os interiores. Era fundamental contar com bons profssionais neste caso, pois o apartamento pertence a um dos raros empreendimentos novos que investem na planta livre, sem divisões internas preestabelecidas. Além de ser amiga de uma das integrantes do estúdio escolhido, a dupla Renata Pedrosa e Isabel Nassif conhecia suas obras e aprovava sem ressalvas o que havia visto. Não foi complicado, portanto, acatar as sugestões das três moças quanto a valorizar o pé-direito duplo do imóvel, instituir outro quarto além da suíte, apostar numa cozinha integrada e adotar divisórias fexíveis. Coube à construtora preparar os pontos de hidráulica e elétrica, montar o mezanino metálico e erguer as paredes de drywall definidas pelas arquitetas. Terminada essa fase, a conclusão da obra com a empreiteira levou seis meses.
As limitações do sistema
Concebido para acomodar diferentes modos de vida, o tipo de planta em que o dono decide a divisão interna do imóvel sem ficar limitado à estrutura é um dos princípios da arquitetura moderna. Hoje, faz parte do portfólio de poucas construtoras no país. Tal flexibilidade, no entanto, não é total: ela deve se acomodar às peculiaridades do sistema construtivo adotado. Aqui, entre as mais importantes, destacam-se as janelas: foi preciso impedir que as paredes coincidissem com elas, o que reduziu as opções de distribuição dos espaços. Outro aspecto digno de nota diz respeito à rede hidráulica, que desce pela fachada do prédio em vários pontos para que se possa localizar cozinha, banheiro e lavanderia em qualquer canto da moradia. Mas ligá-los à prumada exigiu que os ramais de esgoto passassem por fora das paredes e que os ralos fossem dispostos acima da laje (geralmente embutidos num degrau na área do boxe). Os pontos de luz acabaram fcando quase todos nas paredes. “O sistema supunha que o cliente faria um forro para embutir a iluminação no teto, mas nós não quisemos usar gesso”, diz a arquiteta Renata Pedrosa.