Espaços integrados e iluminação natural desenham este sobrado geminado
A construção atual guarda da casa dos avós de Mayla apenas as paredes laterais. Entre elas, a moça e o marido, Bruno, estão começando a vida juntos
Por Cristiane Teixeira (texto)
Atualizado em 9 set 2021, 10h52 - Publicado em 7 jun 2018, 16h38
Ele é de uma época em que as casas eram compartimentadas em vários cômodos, cada um com sua função; em que a porta da rua levava à sala de estar, enquanto a cozinha e a área de serviço descoberta eram relegadas aos fundos. E olha que não faz tanto tempo assim – 60 anos, no caso específico deste sobrado, no bairro paulistano de Pinheiros. Era essa configuração, somada às janelas tímidas, ao pé-direito baixo e à falta de verde, que Mayla Ruiz de Toledo desejava modificar ao fazer da casa herdada dos avós aquela em que viveria com o então futuro marido, Bruno Di Gregorio de Toledo.
“Eu e o Bruno usávamos o imóvel como escritório da nossa loja quando a minha mãe, dando um empurrãozinho para o casamento, sugeriu que morássemos aqui”, conta a moça. “Ela não precisou falar duas vezes!” Tinha chegado o momento de corrigir as limitações que desde a infância Mayla vivenciara na construção. E o arquiteto ideal para a tarefa estava ali pertinho: André Di Gregorio, seu cunhado. Se ela conhecia bem o sobrado, André conhecia os clientes. “Eles são festeiros, curtem receber. Quando falávamos sobre o projeto, meu irmão pensava nos jogos da Copa e em como os amigos se acomodariam ao redor da TV”, conta o profissional.
A proposta arquitetônica resultou tanto das informações acumuladas quanto da premissa central do Estúdio BRA, sociedade entre André e o arquiteto Rodrigo Maçonilio: “A pessoa deve morar no lote inteiro. Por isso, sempre abrimos as construções de ponta a ponta”. E assim o fizeram, abolindo as divisórias no térreo, invertendo sala e cozinha, criando duas suítes e substituindo o telhado convencional por deck, gramado e horta. Foi amor quase à primeira vista. No “quase” residiram as poucas questões do casal. “Nós estávamos habituados ao padrão de lavanderia nos fundos, embaixo, e estranhamos que ela ficasse na cobertura, até vermos o 3D do projeto”, diz Mayla.
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Já o lavabo gerou polêmica, pois se o marido preferia dispensá-lo, a moça queria o ambiente para preservar as suítes. Venceu Mayla, mas onde alocar o cômodo? “Na área externa, ao lado da churrasqueira. Se ficasse dentro, sob a escada, ela perderia a leveza e ainda haveria um bloqueio visual”, explica Rodrigo. Para tamanhas alterações, valia mais a pena demolir e reconstruir, dessa vez com estrutura metálica. Externos às paredes laterais restantes, os pilares redondos apoiam as vigas e as lajes maciças pré-fabricadas, enquanto a nova fachada de concreto parece pousar sobre os muros. O pé-direito foi ampliado para 2,80 m no térreo e 2,60 m no piso superior e as superfícies envidraçadas cresceram, agora convidando aquele que Mayla mais desejava ver na casa, o sol.