Todo mundo já conhece o home office, que foi tão difundido na pandemia. Ter um canto para trabalhar em casa virou alternativa durante a crise sanitária e, no pós-pandemia, ainda é a opção de muitas empresas e profissionais. Mas o que o arquiteto Antonio Armando de Araújo fez, há pouco mais de oito meses, foi um pouco diferente. Ele decidiu alugar uma sala comercial no bairro do Brooklin, São Paulo, para acomodar com mais conforto toda a sua equipe. “Estava procurando um imóvel maior para o meu escritório de arquitetura e, quando encontrei esta sala, de quase 200 m², vi o potencial que ela tinha de virar também o meu loft, por que não?”, conta o arquiteto.
Antes de começar o projeto de reestruturação do espaço, foi preciso consultar o regulamento interno do prédio e obter a aprovação dos outros ocupantes do edifício. “Como são apenas cinco andares, com uma empresa por pavimento, praticamente, foi mais fácil conversar e eles aceitaram bem a ideia. Não existe nenhuma lei que proíba alguém de morar em uma sala comercial”, comenta Araújo.
“Não fui morar no trabalho”
Primeiramente, para que o projeto funcionasse, Araújo precisou pensar em estratégias para garantir a separação entre os espaços de trabalho, que ele compartilharia com a sua equipe de colaboradores, e o seu loft privativo.
“É diferente de pensar que fui morar no escritório. Vejo como uma atitude pioneira mesmo, que pode ganhar escala e inspirar outras pessoas. Por que pagar por dois imóveis se posso concentrar minhas atividades em um só, e ainda ter à minha disposição todos os serviços que o bairro oferece a poucos metros daqui?”, questiona.
Segundo ele, a ideia foi fazer uma casa-conceito. “Eu queria poder receber meu cliente não na sala de reunião, mas na minha sala de estar e, com isso, mostrar a ele a casa funcionando, com vida, com história”, relata.
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“Não tinha chuveiro nos banheiros”
Antes de mais nada, o arquiteto avaliou as qualidades do imóvel. Grandes aberturas envidraçadas, com ar de arquitetura moderna, que ofereciam luz natural e vista para a cidade. A laje de concreto aparente foi mantida, garantindo o clima industrial ao projeto – que ganhou ainda iluminação em trilhos.
Todas as divisórias em dry wall, tão comuns em ambientes corporativos, foram retiradas, assim como o piso vinílico para alto tráfego – o que revelou um piso muito antigo de mármore que ele aproveitando como base para o cimento queimado.
Os banheiros não tinham chuveiros. Foi preciso reformar tudo. Havia armários antigos, na cor cinza, usados pelo último escritório a ocupar o imóvel. No novo projeto, eles ganharam vida nova com a pintura verde em tom vibrante.
Criatividade para dividir as áreas do morar e trabalhar
Para separar as duas áreas, comercial e residencial, Araújo projetou uma marcenaria em pinus que acolhe a parte de serviço da cozinha compacta mais a lavanderia, a tv da sala de estar integrada e o closet de três metros no quarto. Há ainda uma cortina blackout que isola totalmente o espaço privativo, sempre que necessário. Por último, uma divisória permeável feita com caibros roliços delimita a área do escritório.
Um bar suspenso por cabos de aço abriga a coleção de copos, quase todos presente da irmã, que trouxe as peças de viagens ao exterior. Uma rede artesanal produzida no Nordeste traz aconchego. “Ela lembra a minha infância. Dormi em rede até os 12 anos de idade”, revela Araújo.
Vasos com plantas, peças artesanais, materiais e texturas naturais suavizam a arquitetura austera no loft e no escritório. O resultado é uma decoração despojada, funcional e criativa.
“Além de morar e trabalhar, ainda alugo o espaço para sessões de fotos, editoriais de moda e muito mais. Ficou um lugar interessante, onde também recebo os amigos em baladinhas, enfim, são múltiplos usos e estou adorando tudo isso”, finaliza o morador.